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Nem todos precisam ou devem atingir uma hemoglobina de 6,5% ou 7%! Entenda o porquê!

Até quanto seus níveis de açúcar no sangue devem baixar?

Dra. Luciana Antunes de Almeida Secchi*

Atualmente, a tendência para as metas de hemoglobina glicada (HbA1c) e de outros parâmetros metabólicos para pessoas com diabetes são individualizados, levando-se em conta as pretensões e os valores pessoais do paciente, ou seja, seu momento de vida, suas características físicas e psíquicas e recursos utilizados para o seu tratamento. Nem todos precisam ou devem atingir HbA1c de 6,5 ou 7%, ainda que essa seja a meta estabelecida de maneira geral por certas organizações médicas, dedicadas ao tratamento e controle do diabetes.

Cada paciente deve ter uma discussão clara com seu médico, e com ele estabelecer as metas a buscar para o caso específico. Ambos devem trabalhar a fim de atingir os valores combinados e considerados adequados para aquele indivíduo, que se encontra naquela fase de vida; isso vale para o diabetes tipo 1 e também para o tipo 2. Pacientes com riscos elevados relacionados às possíveis consequências da hipoglicemia, com pouca idade ou idade muito avançada, com doenças concomitantes graves ou debilitantes, com dificuldade para aderir de maneira correta ao tratamento e de compreendê-lo ou que estejam com expectativa de vida reduzida podem ter metas mais elevadas.

A medida da hemoglobina glicada, apesar de sofrer influência de diversos fatores, pode ser entendida como reflexo da média de todas as glicemias nos últimos três meses antes da medida laboratorial. Obviamente, quanto mais baixa, menor será a média glicêmica e quanto mais baixos os valores, mais próximo se está da hipoglicemia. Há pacientes que têm medidas de HbA1c ótimas sem que haja episódios de hipoglicemias frequentes; tal fato pode ser explicado pela conjunção de vários fatores associados tais como: dependência de fatores individuais de risco para hipoglicemia, dos recursos (tipos de medicamentos ou insulina) utilizados para o tratamento, monitoramento glicêmico e compreensão e responsabilidade com o manejo da doença.

Por outro lado, há pessoas que têm risco elevado para a ocorrência das mesmas. O médico deve conhecer a suscetibilidade de seu paciente e orientá-lo para impedi-las e mesmo assim se ocorrerem, que haja o menor prejuízo ao controle glicêmico.

É importante que se esclareça que a medida de hemoglobina glicada não traduz um retrato fiel de tudo o que ocorre com o controle glicêmico e também não é o único parâmetro a ser levado em conta ao determinar as metas de controle para cada paciente e que a aferição está sujeita à interferência de fatores biológicos, genéticos, comorbidades, qualidade e técnica de avaliação.

Porém, há pessoas com diabetes que quando necessitam ir ao endocrinologista, um ou dois meses antes provocam episódios de hipoglicemia para que a hemoglobina glicada diminua. Certamente, são pessoas que não têm o adequado entendimento do significado de sua mensuração, pensam que, ao falsear ou forçar um resultado, ganharão alguma coisa ou ainda não assumiram com maturidade a responsabilidade pelo seu tratamento. Existe também a possibilidade dessas pessoas não enxergarem nos seus respectivos médicos, um parceiro engajado no trabalho sincero em prol da saúde e que para promovê-la, precisam se basear em dados reais para tratar suas condições. Infelizmente, atendemos pacientes que mostram níveis adequados de HbA1c e se encontram com péssimo controle glicêmico ou vivem em risco de hipoglicemia ou complicações decorrentes do diabetes. Cada episódio de hipoglicemia traz riscos à vida, se grave e não socorrida pode deixar sequelas neurológicas ou levar à morte. Portanto, essa estratégia não tem sentido e jamais deve ser usada.

O médico deve sempre estar atento a tais ações, pois conhecendo o seu paciente, sabe quais mecanismos psicológicos, que ele costuma usar quando se vê pressionado. Para evitar que tais “manobras” ocorram, precisa transmitir conhecimentos sobre os fatores, que podem interferir na medida de hemoglobina glicada, podendo resultar em valores falsamente elevados ou baixos e por esta razão, a escolha de laboratórios competentes e honestos se faz necessária.

*Dra. Luciana Antunes de Almeida Secchi é médica especialista em Endocrinologia e Metabologia, Doutora em Ciências da Saúde e idealizadora e coordenadora do Grupo Amigo tipo 1, “Empowerment Group” em diabetes tipo 1.

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